Boa tarde para
você que se permiti fazer parte disso, me deixa animado para postar mais. Obrigado
por sua participação em minha história.
Fazia um bom
tempo que estava pra postar algo, não tinha a mínima ideia do que relatar. Até
que hoje aconteceu algo do qual acho legal partilhar sobre, fiquei sozinho em
casa e decidi por conta própria ir cortar os cabelos (claro o barbeiro é perto
de casa).
Durante o
percurso do caminho senti dificuldade para caminhar, em uma subida tudo piorou,
precisei ir escorando na parede. O momento mais sarcástico foi ser ultrapassado
por uma senhora na subidinha que dava passos largos enquanto eu mal conseguia
levantar os pés. Cheguei ao meu destino e sentei exausto. Fiquei apreensivo em
pensar que não daria conta de voltar para casa pelo mesmo caminho, qualquer
rampinha que seja me deixa assustado.
Terminei, saí
do barbeiro e fui por outro caminho sem decidas, foi como uma volta no
quarteirão. Caminhando muito vagarosamente tropecei na calçada, mas não cai,
continuei até que de longe vinha surgindo o barulho de uma moto. Mesmo longe
decidi esperar, eis que em uma rua cujo era de sentido único (ele estava no
sentido certo), mas a via é perigosa além de ser uma curva, somente quem reside
nas redondezas sabe o tanto de freios gastos ali que já haviam evitados
acidentes. Não nego que desejei que algo acontecesse com a moto para o moço aprender,
graças a Deus nada aconteceu. “Eu lutando para ter um pouquinho mais de saúde e
aquele moço fazendo bonito para três ou quatro crianças na rua”.
No meio do
caminho me contive para não cair em lágrimas, não é fácil aceitar algumas
limitações, meus momentos de fraqueza quase sempre são escondidos de todos.
Cheguei à casa da minha avó, tomei água e fiquei conversando com eles. Logo meu
pai também chegou e de praxe meu avô ofereceu uma pinga artesanal temperada que
ele havia feito. O médico já havia dito que eu poderia beber com este novo
tratamento, mas moderadamente. Claro
fiquei com vontade de tomar a pinga, não por ser álcool, mas por não
querer desprezar aquele momento.
Meu avô
completou 84 anos e há 25 anos passou por uma cirurgia do coração, cirurgia da
qual garante um tempo menor que sete anos de sobrevida. Entendam o desfecho
dessa história, todos os dias eu acordo tomo sete comprimidos para tratar uma
amiguinha indesejada, tenho as limitações das quais me deixam triste e cada dia
lutar para vence-las não é fácil, seria menos da metade de um copinho de pinga
que me faria mal. Não por causa do tratamento em si, mas meu avô estava ali
comigo, meu pai, minha avó, a pinga era toda feita com as próprias mãos de um
senhor que criou seis filhos e trabalhou muito. Eu não sei se estarei vivo
quanto mais ele, me digam eu deveria ter deixado de beber aquela pinga com eles?
Me pego
pensando muitas vezes em situações assim, imagino uma pessoa que fumou a vida
inteira a beira da morte por causa de um câncer em uma cama de hospital, se a
mesma se virasse e me pedisse um cigarro com certeza eu daria. Quem sou eu pra
julgar ela? Se durante anos seu desejo foi fumar e nos últimos momentos eu não
deixar isso acontecer. Do que eu estaria brincando, de Deus?
Vocês podem
pensar que é hipocrisia minha, mas cada um tem a vida que quer e sabe das
futuras consequências. Às vezes não é empinando a moto que se aprende ou
fumando um cigarro. Mas são por meios dos quais não conhecemos que aprendemos a
viver.
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