Confesso que ter um blog dá
trabalho, mas saber que as pessoas estão lendo está sendo maravilhoso. Hoje me
deparei com outra cena, dessa vez na novela (Amor à vida), o personagem Felix
interpretado por Matheus Solano, após assumir que era gay (forçado, mas
assumiu).
Até que ponto o ser humano pode
ser egoísta (pai dele), como um pai é capaz de falar aquelas besteiras, uma mãe
muitas vezes (vai saber).
Minha doença não tem explicação, existem
diversas teorias, eu acredito muito na teoria do emocional. Me lembro que foi
uma fase difícil, estava longe da minha família, minha avó estava doente e
alguns sentimentos eu tinha que camuflar e viver de acordo com o que a
sociedade gostaria de ver.
Desde pequeno aprendi que, fazer
mal para as pessoas era errado, que perdoar (esse é foda) era o certo, que ajudar
o próximo fazia o mundo um lugar melhor, aprendi aceitar as diferenças, o que
era certo e o errado, aprendi tudo, nunca julguei ninguém.
Sempre me vi um menino diferente,
“delicado” demais, fazia amizades facilmente com meninas, não conversava tanto
com os meninos, odiava e odeio jogar bola (imagina eu correndo com EM, sabe
aqueles mortos que andam querendo devorar as pessoas?).
No ápice da descoberta da
Esclerose Múltipla estavam todos assustados, principalmente eu (já que as
informações na internet não eram e ainda não são nada boas), depois de muita
luta comigo mesmo resolvi abrir o jogo com meus pais. Assumir minha orientação
sexual. Pensei, se eles souberem por mim e me aceitarem o resto que se foda,
então criei coragem e contei, chorei muito, conversei com ambos que me deram o
maior apoio (graças a Deus). Depois de um tempo comecei ir ao psicólogo, não
pense que foi por causa da minha homossexualidade, fui devido a EM.
Lá em duas sessões percebi que o
problema de tudo eram minhas ideias e a solução para tudo eram novas ideias
(complicado né). Com toda essa trajetória quero chegar à linha de raciocínio e
tentar dizer, até quando pais, as famílias preconceituosas os amigos vão deixar
que um fato do tamanho de um grão de areia interfira na vida de uma pessoa para
o resto de seus dias?
Durante as únicas duas sessões de
terapia o psicólogo disse que, a EM
poderia ser o resultado de eu ter guardado comigo e vivido o que os outros
queriam ver em mim, jovem bonito, cercado de mulheres (o comedor), inteligente,
namorador, etc.
Eu digo e volto a dizer, sou
muito mais homem que muito machão por aí, que bate no peito e só fala merda.
Nunca precisei provar nada para ninguém, nunca quis ser mais que uma mulher,
sou homem e muito homem pra dizer o que eu realmente penso e sinto.
Ser feliz é o mais importante
para qualquer um, vale realmente a pena camuflar-se e viver como um personagem
de outras vidas?
OBS: A pessoa que conheci até hoje que realmente era homem mesmo, era gay. Um amigo do qual eu admirei muito. Marcelinho P C, um exemplo de bondade, corajoso, trabalhador, honesto e acima de tudo um ser humano digno de vida.