sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O que é diferente pra você

Bel, Aline, Thiago e Cristhian
Quando era criança jamais me imaginei portador de EM, na verdade nem sabia o que era. Sonhava em ser um homem trabalhador, honesto e feliz. Hoje sou trabalhador, honesto e feliz. Sou trabalhador, pois mesmo aposentado por invalidez a palavra “trabalhar” tem um significado muito amplo. Desenvolvo trabalho voluntário no grupo da terceira idade onde os membros tem vontade de viver. (Feliz o que mais importa)
Marcelo, Mãe e Cristina
                No início a EM tentou se fazer maior, mas não deixei. Desenvolvi uma capacidade de superação muito grande e afirmo todos nós temos tal força, basta querer. Se fosse para enumerar minhas limitações preencheria ao menos uma lauda. Então apenas digo que estou bem (sempre digo que estou mais torto, mas bem).
                No horário de fisio terapia junto comigo um moço aparentemente de no máximo 30 anos possui muito mais limitações que eu. (Ele nem é portador da minha amiguinha)
“Vocês precisam ver a força de vontade dele”.

                Fui ao banco ainda pouco peguei a senha e fui aguardar, tinha mais ou menos umas oito pessoas, ao se aproximar da primeira fileira notei uma senhora de cor morena com os cabelos raspados, me sentei ao lado. Não consegui conversar, pois ela foi chamada.
Marcelinho e Cris
Durante este momento tive uma vaga lembrança na minha infância aos 10 anos mais ou menos, era domingo e o programa do Fantástico havia colocado câmeras escondidas em uma rodoviária. Nos assentos no pátio de embarque a organização do programa colou adesivos escritos “um portador de HIV sentou aqui”. Mais da metade das pessoas preferiram ficar de pé ao invés de se sentar, lembro-me de uma mãe que empurrou o filho pequeno antes dele se acomodar.
                No mesmo momento minha mãe me chamou junto dos meus irmãos e explicou. “Essa doença não se transmite dessa forma (éramos sexualmente aflorados já sabíamos do que se tratava), independente de cor, religião, raça ou qualquer outra diferença deve-se respeitar qualquer pessoa” conversou ela.

                Bom acho que já deu pra entender onde eu quis chegar, a senhora que me sentei não era portadora de HIV longe disto, apenas fui humano e aceite a diferença entre ela e eu.
Um dos melhores amigos da minha mãe faleceu por causa desta doença, nunca o tratamos com indiferença pelo contrário, ele era mais que especial.


(esquerda à direita) Bel, Cris, Mãe e Juliana
                Hoje a postagem rendeu. Precisando de qualquer ajuda meu e-Mail é netocruz@live.ca, bom final de semana a todos. Obrigado mais uma vez pela atenção.