sábado, 28 de fevereiro de 2015

ACEITE VOCÊ PRIMEIRO

Vivo falando em aceitar as diferenças, mas até então não aceitava uma das minhas.
Faz duas semanas que eu tomei a segunda dose do Natalizumab, graças a Deus me sinto bem. Ocorreu algo durante a infusão que merece ser partilhada.
MINHA NOVA AMIGA
                Durante o procedimento de esperar e tudo mais, comecei conversar com os pacientes que estavam ali, para minha surpresa todos eram portadores de EM e usavam o mesmo medicamento que o meu. Notei que cada um possuía uma limitação diferente e que o mundo se faz tão grande e ao mesmo tempo muito pequeno, a mulher que estava ao meu lado era vizinha da minha tia.
Ressaltei das limitações distintas de cada um para contar uma superação. Um dos pacientes estava andando com ajuda de um andador, outra com uma bengala e um senhor que andava bem, mas apresentava algumas limitações motoras. Notei que ninguém ali estava satisfeito com a escolha de Deus para ser portador de EM, mas nem por isso estavam descrentes da vida. Logo percebi que deveria deixar de lado o preconceito bobo que eu tinha de usar minha bengala e fazer uso da mesma o quanto antes.
                Concordam que é burrice andar sem equilíbrio por aí, correndo risco de cair e piorar ainda mais a situação? Decidi aceitar o fato de a bengala existir no meu dia a dia e fazer disso um mero acontecimento bobo. Não vou mentir já senti vergonha de ser jovem e andar com apoio, sempre imaginava o que as pessoas iriam pensar.
Na verdade não pensam nada, pelo contrário, são discretas e entendem muito mais a situação.


Desculpem a breve postagem, caso possa ajudar de alguma forma meu e-mail é netocruz@live.ca. Obrigado

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Quem não vive nunca morrera


Boa tarde para você que se permiti fazer parte disso, me deixa animado para postar mais. Obrigado por sua participação em minha história.
Fazia um bom tempo que estava pra postar algo, não tinha a mínima ideia do que relatar. Até que hoje aconteceu algo do qual acho legal partilhar sobre, fiquei sozinho em casa e decidi por conta própria ir cortar os cabelos (claro o barbeiro é perto de casa).
Durante o percurso do caminho senti dificuldade para caminhar, em uma subida tudo piorou, precisei ir escorando na parede. O momento mais sarcástico foi ser ultrapassado por uma senhora na subidinha que dava passos largos enquanto eu mal conseguia levantar os pés. Cheguei ao meu destino e sentei exausto. Fiquei apreensivo em pensar que não daria conta de voltar para casa pelo mesmo caminho, qualquer rampinha que seja me deixa assustado.
Terminei, saí do barbeiro e fui por outro caminho sem decidas, foi como uma volta no quarteirão. Caminhando muito vagarosamente tropecei na calçada, mas não cai, continuei até que de longe vinha surgindo o barulho de uma moto. Mesmo longe decidi esperar, eis que em uma rua cujo era de sentido único (ele estava no sentido certo), mas a via é perigosa além de ser uma curva, somente quem reside nas redondezas sabe o tanto de freios gastos ali que já haviam evitados acidentes. Não nego que desejei que algo acontecesse com a moto para o moço aprender, graças a Deus nada aconteceu. “Eu lutando para ter um pouquinho mais de saúde e aquele moço fazendo bonito para três ou quatro crianças na rua”.
No meio do caminho me contive para não cair em lágrimas, não é fácil aceitar algumas limitações, meus momentos de fraqueza quase sempre são escondidos de todos. Cheguei à casa da minha avó, tomei água e fiquei conversando com eles. Logo meu pai também chegou e de praxe meu avô ofereceu uma pinga artesanal temperada que ele havia feito. O médico já havia dito que eu poderia beber com este novo tratamento, mas moderadamente. Claro  fiquei com vontade de tomar a pinga, não por ser álcool, mas por não querer desprezar aquele momento.
Meu avô completou 84 anos e há 25 anos passou por uma cirurgia do coração, cirurgia da qual garante um tempo menor que sete anos de sobrevida. Entendam o desfecho dessa história, todos os dias eu acordo tomo sete comprimidos para tratar uma amiguinha indesejada, tenho as limitações das quais me deixam triste e cada dia lutar para vence-las não é fácil, seria menos da metade de um copinho de pinga que me faria mal. Não por causa do tratamento em si, mas meu avô estava ali comigo, meu pai, minha avó, a pinga era toda feita com as próprias mãos de um senhor que criou seis filhos e trabalhou muito. Eu não sei se estarei vivo quanto mais ele, me digam eu deveria ter deixado de beber aquela pinga com eles?
Me pego pensando muitas vezes em situações assim, imagino uma pessoa que fumou a vida inteira a beira da morte por causa de um câncer em uma cama de hospital, se a mesma se virasse e me pedisse um cigarro com certeza eu daria. Quem sou eu pra julgar ela? Se durante anos seu desejo foi fumar e nos últimos momentos eu não deixar isso acontecer. Do que eu estaria brincando, de Deus?
Vocês podem pensar que é hipocrisia minha, mas cada um tem a vida que quer e sabe das futuras consequências. Às vezes não é empinando a moto que se aprende ou fumando um cigarro. Mas são por meios dos quais não conhecemos que aprendemos a viver.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Pessoas insensíveis nos rodeiam


       “Água mole pedra dura tanto bate até que fura” (Dito Popular).
Talvez relatando fatos como o que vou relatar hoje as pessoas começam ter um pouco mais de educação e sensibilidade!
Fui há faculdade buscar uns papéis para levar ao banco, imagine a fila! Fui direto à minha amiga que trabalha na instituição e sabendo do meu caso não hesitou em me atender. Quando levantei e fui em direção ao guichê dela as pessoas começaram um bate boca e ficaram alteradas com a minha preferência. Pode parecer egoísmo meu, mas educação é bom e eu gosto. Não queira pisar no meu calo se eu estiver com a razão mesmo que o contexto possa ter parecido outro, pois cheguei saudei todas as atendentes. (Não era por boniteza ou amizade que estava sendo atendido, não sou e nem quero ser melhor que ninguém)
Os rumores das pessoas foram me deixando cabreiro, me controlei até onde deu! “Minha doença é crônica e afeta o sistema nervoso central me da o direito de estar sendo atendido agora, alguém da fila gostaria de ter a doença que eu tenho? Daria de tudo para enfrentar uma fila assim por dia e ser saudável como vocês”. Essas foram às palavras suaves ditas em alto e em bom som. Sei que não devo satisfações às pessoas de qualquer fila ou em qualquer lugar além do funcionário que irá me atender, mas precisava responder.
O que as pessoas esperam?
Um jovem com uma feição de derrota, uma cadeira de rodas, muletas ou bengala? É disso que eu tento fugir, mesmo arrastando as pernas, andando sem equilíbrio não quero demonstrar que preciso dos outros, ainda mais nas condições que me são oferecidas. Pode ter a certeza que independente das minhas limitações o meu melhor será oferecido sempre. (Para constar estou me referindo a terceiros, minha família e amigos próximos são incríveis).
Muito me estranha pessoas cursando um nível superior e não terem a capacidade de respeitar os outros. “Essas já vos digo são as piores”